sábado, 30 de junho de 2012

Índios usam a internet contra crime ambientais



Créditos Foto Google/Picasa

Cerca de 400 mil índios, ribeirinhos, quilombolas e pessoas que vivem em áreas de proteção ambiental vão poder denunciar pela internet invasões e crimes contra a natureza. Eles moram no entorno ou em uma das 150 comunidades tradicionais brasileiras que ficam em regiões afastadas e que receberão neste ano sinais de satélite para o acesso à rede de computadores.A iniciativa faz parte de um programa de inclusão digital que busca beneficiar regiões de baixo IDH-M (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal, umaadaptação do IDH aos indicadores regionais, desenvolvido pelo PNUD e parceiros).

O Gesac (Programa Governo Eletrônico – Serviço de Atendimento ao Cidadão), do Ministério das Comunicações, leva desde 2003, para comunidades pobres,antenas e provedores de acesso à internet, além de uma plataforma com serviços públicos — que permite tirar RG, acessar dados da Previdência Social e contatar a Polícia Federal e o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), entre outras utilidades.

“Esperamos que essas regiões se tornem espaços vivos de educação ambiental e de transformação. Queremos que eles estejam vinculados com o poder público. Para isso, eles precisam ter mais informações e formas de denunciar. É muito favorável que eles estejam engajados, com mais informações e condições de poder sobre a gestão”, diz o técnico da Diretoria de EducaçãoAmbiental do Ministério do Meio Ambiente, Francisco de Assis Morais. O projeto, segundo ele, é uma demanda da Rede Povos da Floresta, uma organização derivada da Aliança dos Povos da Floresta — que foi criada nos anos 80 por Chico Mendes e outros seringueiros e lideranças indígenas, com o objetivo de fortalecer as ações em prol do meio ambiente e dos povos tradicionais.

Desde 2003, a Rede investe em ações que buscam levar internet a índios, quilombolas, ribeirinhos e populações extrativistas. Ela entrou em contato com o governo federal em 2005 para ampliar o número de povos com acesso ao mundo virtual. “Em 2003, houve uma crise com os ashaninka, [tribo indígena] que vivem na fronteira com o Peru. Madeireiros peruanos invadiram suas terras. Por meio de e-mails enviados pelos índios para a Polícia Federal, IBAMA, Ministério do Meio Ambiente e FUNAI [Fundação Nacional do Índio], foi possível fazer um acordo e resolver a questão. Eles perceberam a importância dainternet”, conta Morais.

Com a ajuda da ONG, aponta o técnico do Ministério do Meio Ambiente, foi feito um levantamento para identificar as comunidades que poderiam ser beneficiadas. “Cadastramos inicialmente 113 comunidades. Agora chegamos a130. Não é muito fácil fazer o levantamento, mas essa é a primeira vez no Brasil que se cadastrou um número tão grande de comunidades [tradicionais] para inclusão digital”, diz. De acordo com ele, a meta é contemplar 150 grupos.


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